sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Um debate sobre jornalismo e os conflitos urbanos a luz dos últimos acontecimentos envolvendo profissionais da imprensa da Rede Bandeirantes, no Rio de Janeiro.


Leniéverson Azeredo Gomes
Santiago Emílio Andrade, mais conhecido por Santiago Andrade foi o cinegrafista escalado pela emissora a qual trabalha – a Bandeirantes – para cobrir um ‘protesto’ que objetivava a suspensão do aumento de passagem  dos transportes coletivos, na Cinelândia, na cidade do Rio de Janeiro, de R$ 2,75 para R$ 3,00. Um morteiro, provavelmente arremessado por ‘manifestantes,’ atingiu o profissional, que há um pouco mais de 15 anos atua registrando reportagens, para a sucursal carioca da Band, como é mais conhecida a emissora fundada por João Jorge Saad, nos anos 60, em São Paulo.
Santiago, segundo boletim médico do Hospital Souza Aguiar – a qual o cinegrafista foi internado-, divulgado pela ‘Rede Bandeirantes’ teve um afundamento craniano e está em estado grave. Há uma virtude cristã – não se confunda com a teologal - que tem a capacidade de humanizar as pessoas: ela é a compaixão. Por isso, ao cinegrafista e a família dele, a oferta total e irrestrita de orações e desejos de melhoras no seu quadro de saúde. Após tudo isso, deve-se fazer algumas considerações sobre o ‘protesto’, sobre jornalismo e jornalistas, a demonização da polícia, da defesa do direito de ir e vir, e, as depredações do patrimônio público e privado.
Desde junho do ano passado, grupos de pessoas têm ocupado as ruas de todo país, em nome de uma causa, por exemplo, as reduções dos aumentos de tarifas – para esses grupos, ‘não é só por 20 centavos’ -. Pode-se acompanhar todos os dias, um cenário, que mais parece uma praça de guerra. São carros incendiados, imóveis públicos e privados quebrados, direito de ir e vir cerceado – impondo medo nas pessoas -, obrigando a reação da polícia – que muitas vezes é demonizada - para conter a ação de vandalismo.
Nota-se um traço comum, na maioria esmagadora dessas reuniões em: a presença de bandeiras de movimentos e partidos de esquerda, e, a presença de mascarados que integram o grupo black bloc. Porque “maioria esmagadora”, porque em junho, o movimento contou sim com o povo de verdade, mas depois ‘ativistas’ e partidos de esquerda sequestraram o comando das reivindicações.
A Imprensa, ahhhh, a Imprensa, virtuosa – ma non tropo – a partir de então, passou a nos empurrar a expressão “protesto que começa pacífico, mas depois vândalos – leia-se black blocs -, apareceram para fazer o ‘quebra-quebra’”.
Não senhores, os tais ‘manifestantes’ e black blocs são uma coisa só, unha e carne. Isso pode ser visto no final do ano passado, durante a greve de professores, onde os sindicatos – liderados pelo PSOL (um partido de esquerda) admitiram que os black blocs, eram, digamos, uma espécie de aliados.
Esses mascarados têm aparecido em programas das TVs, como a TV Senado e a TV Câmara, e, pasmem todos, no programa “Fala que eu te escuto”, na Rede Record. Tentam emplacar a ideia de que eles não são do mal e, que, são grupos de pessoas que tem uma ‘tática diferente de protesto’ – alguém tem Engov, aí?
Pois é, a Rede Globo usou, como é de praxe, a tese esquerdista que, de certa forma, demoniza as polícias e dos polícias. Na reportagem do protesto no Rio de Janeiro, na tarde desta quinta-feira, não foi diferente. Em nota lida, pelo apresentador William Waack, no ‘Jornal da Globo’, já na madrugada de quinta para sexta, disse que a polícia ou os vândalos é o culpado pela ação que culminou no ocorrido com o cinegrafista. A Vênus Platinada não perdeu tempo e colocou como um dos suspeitos pelo incidente que culminou na internação do profissional de imprensa.
Em menos de 4 anos, é o segundo cinegrafista da filial carioca da Band, que morreu em conflitos urbanos. Para quem não se lembra, Gelson Domingos da Silva, também Câmera Men, estava cobrindo uma troca de tiros, entre policiais e traficantes na Favela Antares, na  Zona Oeste da cidade, quando foi atingido por balas de fuzil vinda dos ‘soldados’ do tráfico de drogas, foi levado ao Hospital, mas dias depois veio a falecer.
Além dos dois cinegrafistas, é preciso trazer a memória do ocorrido com a repórter Nadja Haddad, em 2001. Ela, que época trabalhava na Band Rio – hoje está no SBT-, foi escalada para cobrir também uma troca de tiros entre policiais e traficantes de drogas, só que no Complexo do Alemão. No caso dela e do Gelson, houve a discussão sobre o preparo do profissional de imprensa em conflitos violentos urbanos, como, por exemplo, sobre o não uso do colete seguro a prova de bala. Mas o mérito a ser discutido não é esse, o mérito da questão é outro.
Traficantes e certos ‘manifestantes’, em comum, cerceiam o direito de ir e vir; implantam o terror. Eles se consideram os ‘reis da cocada preta’. Ambos usam máscara, para não ser identificados, se escondem da democracia, querem ter a impunidade para tocar o terror.
Em que pese à nota da ABRAJI, Associação Brasileira de Jornalismo investigativo, e, também, dos órgãos de comunicação de massa, a imprensa precisa parar de usar o termo ‘começa pacífico, mas terminou com vandalismo ou quebra-quebra’ e, de alguma forma, incitar esses tipos de movimentos.
Isabela Benito e o Febeajor (Festival de Besteirol que assola o Jornalismo) – O SBT RIO, um telejornal do SBT, transmitido de segunda a sexta – das 11:50 às 12:50 - em cadeia para todo o Estado do Rio de Janeiro, direto de Capital Fluminense,  é um bom jornal com reportagens ágeis e prestadoras de serviço público. É apresentada pela talentosa jornalista Isabela Benito, e, não é ironia não, é talentosa mesmo, porém, a apresentadora, como outros profissionais de imprensa, vira e mexe, flerta com algumas bobagens, por exemplo, na edição de hoje, incitar, indiretamente, ‘protestos’ que, na verdade são atos de vandalismo, e, como se transformou em algo comum, a demonização da polícia. Caríssima, tentar usar fontes – leia-se, mídia alternativa – controversas para tentar culpar a polícia, quando a própria Band aventa, unicamente a possibilidade de culpa dos manifestantes, alias, um dos seus entrevistados, asseverou isso também. A Polícia, cara colega, foi feita para garantir a ordem. Ficar combatendo crime e manter com luvas de pelica, é coisa surreal, não? Por isso, menos, Isabela! Menos, Isabela!  A Escola Marxista de Frankfurt está fazendo muito mal ao Jornalismo e, pode fazer com que essa atividade profissional mergulhe num poço sem fundo. Será que tem cura?

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