domingo, 18 de março de 2012

Promessa é divida, mais um artigo, de minha autoria sobre a questão Dom Luiz Bergonzini X PUC-SP



Leniéverson Azeredo Gomes

Alguém já ouviu falar da Ex Corde Ecclesiae? Não? Meus amigos internautas, se vocês não sabem, esse nome em latim, diz muito de quem trabalha, estuda ou deseja trabalhar ou estudar em universidades católicas. A Ex Corde Ecclesiae – “Do Coração da Igreja”, traduzindo para o português - é uma constituição apostólica, é meus caros, uma carta magna, promulgada em 1990, pelo então Papa João Paulo II, que doutrina sobre TODAS as universidades de bandeira católica.
Essa Constituição, digamos assim, vem para definir, em caráter de lei, tudo aquilo que as Universidades Católicas, em todo o mundo, devem ou não fazer, ou seja, regular, arrumar, organizar aquilo que já existia há séculos. Vejamos, meu povo, uma Constituição Apostólica, é nada mais, nada menos, um documento pontifício, portanto promulgado pelo Papa, que trata de assuntos da mais alta importância. De acordo, como a Wikipédia, “o conceito de constituição para o direito canônico deriva diretamente do conceito de constituição do direito romano, onde se reservava o título de constititio para as leis mais importantes. Nesse sentido difere um pouco do moderno conceito de constituição como lei fundamental de um estado, mas, de certa forma, a ideia central é a mesma”.
Pois bem, nesta terça-feira, dia 13 de março, uma declaração dilvulgada, dia 3 de março por  Dom Luiz Bergonzini, bispo emérito (aposentado) de Guarulhos/SP em seu blog, e publicada 10 dias depois, pelo site “Estadão”, que foi apelidada sem pé, nem cabeça de polêmica – até por alguns blogs católicos, como este -, gerou reações contra e a favor da mesma. Na ocasião, Dom Luiz Bergozini, 76 anos, o mesmo que brilhantemente produziu panfletos contra a campanha presidencial da Dilma Rousseff, em 2010, disse que “professores com ideias contrárias às da Igreja não deveriam lecionar na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP”, ou seja, segundo ele, “docentes favoráveis à descriminalização de aborto, eutanásia, maconha e mantêm “ideologia homossexual” ou são “comunistas” deveriam procurar outra instituição”.
De acordo com o Estadão e com este blog, algumas pessoas do corpo docente e uns alunos da PUC paulista, abarrotaram o bispo de críticas negativas, como se Dom Luiz, tivesse dito alguma coisa absurda, mas o Blog do Leniéverson irá citá-los e, a luz da Constituição Apostólica, Ex Corde Ecclesiae, refutá-los a altura e com devida moderação.
Primeiro Personagem: Maria Beatriz Costa Abramides - Presidente da Associação dos Docentes da PUC-SP (AproPUC).Ela disse, ao Estadão que “nunca houve represálias da universidade em relação a esses temas. Sempre lutamos por uma universidade laica e plural. Temos de defender pesquisa, investigação e conhecimento voltados para os interesses da população, não ligados a uma religião”.
Refutando: Errado, Maria Beatriz, se fosse numa USP;Unicamp;UNIBAN; UNIP, etc, até concordaria contigo, mas você está numa PUC, e numa PUC, não é assim que a banda toca.O que diz a Ex Corde sobre isso?Vamos a ela.
Na parte que fala sobre a Identidade e missão de uma universidade católica, não só as Pontifícias, acorda:
Artigo 15: Numa Universidade Católica, a investigação compreende necessariamente:
a) perseguir uma integração do conhecimento;
b) o diálogo entre a fé e a razão;
c) uma preocupação ética; e
d) uma perspectiva teológica.

Os artigos 16,17,18, 19 e 20 explicam de forma mais detalhada todas essas questões de forma clara, sucinta e precisa. Não restam dúvidas de que uma Universidade Católica, é uma Universidade Católica e não laica, como disse a Maria Beatriz. Além disso, não sei de que tipo de população essa senhora ou senhorita está se tratando. Até onde eu sei, a maioria da população do Brasil, e, por lógica, até em São Paulo e nas cidades onde tem Campi da PUC, são cristãs, a maioria católica. Essa cidadã repete a cantilena “baboseitica”, de que um Estado Laico significa que o mesmo é ateu. Vai lá entender, não é?
Não custa nada lembrar que as escolas particulares confessionais – ligadas a grupos religiosos - de ensino médio, fundamental e básico, vêm tirando os primeiros lugares nos exames específicos de cada nível escolar. Será, por quê? O fato de ser ligadas a ordens religiosas, a dioceses, ou a grupo protestantes causaria algum demérito a linha pedagógica das escolas confessionais?Só os ateus, agnósticos e outros antirreligiosos acham isso.
Segundo Personagem: Guilherme Bertoldi, Vice-Presidente do Centro Acadêmico de Economia da PUC. De acordo com esta pessoa, “Antes de servir à Igreja, a PUC tem de servir à sociedade e privilegiar os debates e a formação de cidadãos”.
Opa, vamos dar licença um pouquinho a Constituição, para recorrer a bíblia.Se a Universidade é católica, deve-se “Buscar primeiro o Reino de Deus, e, todas as coisas serão dadas por acréscimo”. (Mt 6,33). O reino de Deus, de acordo com o artigo 2233, é formado por todos aqueles que “aceitam, de livre e espontânea vontade, o convite de viver conforme a Sua maneira, a Sua Palavra”, enfim, é a família de Deus. Agora, o artigo 9º da Ex Corde Ecclesiae, um dos objetivos de uma Universidade Católica é “garantir em forma institucional uma presença cristã no mundo universitário perante os grandes problemas da sociedade e da cultura, e sendo católica, deve-se possuir, as seguintes características essenciais:
1. Uma inspiração cristã não só dos indivíduos, mas também da Comunidade universitária enquanto tal;
2. Uma reflexão incessante, à luz da fé católica, sobre o tesouro crescente do conhecimento humano, ao qual procura dar um contributo mediante as próprias investigações;
3. A fidelidade à mensagem cristã tal como é apresentada pela Igreja;
4. O empenho institucional ao serviço do povo de Deus e da família humana no seu itinerário rumo àquele objetivo transcendente que dá significado à vida”.
  Para que não reste dúvida, sobre a lambança discursiva do Senhor Bertoldi, o artigo 20, assegura que “Mediante a investigação e o ensino os estudantes sejam formados nas várias disciplinas de maneira a tornarem-se verdadeiramente competentes no sector específico, a que se dedicarão ao serviço da sociedade e da Igreja, mas ao mesmo tempo sejam também preparados para testemunhar a sua fé perante o mundo”. Isso, notoriamente, também serve a calhar para o corpo docente.
    Cabe aqui mais uma vez aquela pergunta: De que sociedade, o senhor ou “senhorito” Bertoldi,  está falando? Esse povo gosta de falar enigmas insolúveis. 
 Terceiro Personagem: Leonardo Sakamoto – Jornalista, Professor da PUC (aff!) e  defensor da liberação do aborto – Esse, junto com a Maria Beatriz e o Bertoldi, deveria ser demitido já, mas prometo ainda nesse artigo falar sobre o assunto. Mas esse japinha, que tem cara do personagem nipônico Hiro Nakamura do seriado Heroes – tá bom, minha gente, é Denorex, parece, mas não é igual – quer “concorrer” pau a pau ao título de blogueiro mais anticristão do Brasil. Olha, concorrer com o Paulopes, Bule Voador, mix brasil e o do William De Lucca , é páreo duro, é focinho a focinho. Só um detalhe, nesses blogs há um “timaço” de comentaristas, devidamente treinados e amestrados, não sabem pensar por si só, é algo do tipo “Simon diz: falem mal do Cristianismo” e eles obedecem, que coisa não?Mas, voltando ao Sakamoto, para a reportagem do “Estadão”, ele disse que quer “convocar o bispo para um debate sobre o tema”. Segundo o professor nipo-brasileiro, “a PUC-SP sempre respeitou suas posições e a liberdade de ele continuar a expressá-la”.
  Danado o bichinho, como diriam os baianos.O que acontece com ele, e os dois personagens acima, foi a conivência do Reitor que, claramente, não observa a Ex Corde Ecclesiae, que diz expressamente “A identidade da Universidade Católica está ligada essencialmente à qualidade dos professores e ao respeito da doutrina católica., Normas Gerais, art.4, §1. Caso contrário, o professor não respeite a doutrina católica, aplica-se o § 1º e o § 2º, do cânon 810, do Código de Direito Canônico que expressa:
§ 1. A Autoridade competente deve segundo os estatutos providenciar para que nas Universidades Católicas sejam nomeados professores, os quais, para além da idoneidade científica e pedagógica, devem primar pela integridade da doutrina e pela probidade de vida, e para que, faltando tais requisitos, observado o modo de proceder definido pelos estatutos, sejam removidos do cargo.
§ 2. As Conferências Episcopais e os bispos diocesanos interessados têm o dever e o direito de vigiar, para que nas mesmas Universidades sejam observados fielmente os princípios da doutrina católica”.
   Portanto, esse danado só desfila tranquilamente nas “passarelas” docentes da PUC-SP, por conivência do Magnifico Senhor Reitor e da autoridade eclesiástica, em questão Dom Odilo Scherer. Mas, ao que me parece, Dom Odilo está acordando da hibernação e parece tomar uma postura.Dias antes da declaração do bispo, dia 23 de fevereiro, o Cardeal Dom Odilo Scherer organizara na PUC um encontro com seu clero e Bispos auxiliares. Respondendo a uma saudação do Reitor, o qual lembrou que a casa “é, mais do que tudo, da Igreja Católica”, Dom Odilo confirmou que “de fato, a PUC-SP é da Igreja” e que os alunos que por lá passam “podem receber algo daquilo que a Igreja propõe para a vida em sociedade, para a compreensão da vida, das atividades e das relações humanas”.A fala corajosa do Bispo, nos ajuda a refutar a.....
  Quarta e última personagem: Isadora Penna – Estudante de Direito da PUC/SP. Ela, participou, junto com outros 29 alunos, de um apitaço que interrompeu uma reunião onde  estava o reitor, munidos de cartazes com dizeres como "legalização do aborto", "sou comunista" e "sou gay". Esse fato foi divulgado numa segunda matéria do “Estadão”, sobre o Dom Luiz Bergonzini, 4 dias depois da primeira. Isadora, uma senhorita de 21 anos, disse com todas as letras e todos os equívocos que “a ideia é cobrar um posicionamento da reitoria. O reitor deve se posicionar contra a concepção de universidade que o bispo defende. Essa declaração fere direitos de educação e liberdade, garantidos na Constituição.” Imaginem tudo isso aconteceu numa universidade católica.Como diria o Reinaldo Azevedo, deve ser uma estudante que gosta de tomar “Toddynho” e comer “Sucrilhos”.

Obs: Este assunto será tratado em outros artigos.Aguardem e confiram.

2 comentários:

Jeremias disse...

sugiro, caro Leniéverson, que voce traga tambémo argumentos não religiosos para "vencer" o "adversário" também no próprio campo dele, da laicidade mesmo. Assim por exemplo, é a CONSTITUIÇÃO (democrática!) DO BRASIL QUE GARANTE A LIBERDADE DE ENSINO CONFESSIONAL. De modo que claramente ANTI-DEMOCRÁTICO E AUTORITÁRIO É QUERER IMPEDIR UMA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SER CATÓLICA.

Blog Católico do Leniéverson disse...

Sim, você se refere, eu penso, ao artigo quinto da CF, que fala:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, (...) embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.

§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

É isso aí, mas a Ex Corde, quase ninguém conhecia, então estão passando a conhecer.